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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Clonagem Humana

             O termo clone, originado da palavra grega Kion, que significa o broto de um vegetal, foi usado pela primeira vez na língua inglesa, no início do século XX, para designar indivíduos geneticamente idênticos.
A clonagem como forma de reprodução assexuada multiplica um único patrimônio genético, como ocorre naturalmente em organismos unicelulares como bactérias, leveduras, protistas e nas plantas na propagação vegetativa. Nos animais ocorre naturalmente quando surgem gêmeos univitelinos, ou ainda em crustáceos e moluscos. Neste caso, ambos novos indivíduos gerados têm o mesmo patrimônio genético.
Hoje, aplica-se este termo com ênfase na designação de novos animais produzidos, artificialmente em laboratório a partir de um outro pré-existente. Os indivíduos resultantes deste processo desenvolverão as mesmas características genéticas cromossômicas do indivíduo doador, original.
             A aparente vantagem de reprodução assexuada, perpetuando um genótipo único, selecionado para um certo nicho ecológico, apresenta, na verdade, o forte risco de extinção diante de mudanças que possam ocorrer no ambiente.
             A esta forma de reprodução monótona a natureza contrapõe a reprodução sexuada, com sua exuberante variabilidade genética, sua estonteante versatilidade, criando quase uma forma para cada dia, para cada espaço, para cada situação: basta observarmos a grande variedade de povos.
             Há, ainda, uma outra e curiosa forma de reprodução, conhecida como partenogênese: em que um óvulo se desenvolve em um novo indivíduo sem ter ocorrido fecundação. É o caso da espécie de crustáceo Artemia parthenogenetica, que tem sobrevivido por, no mínimo, 30 milhões de anos, mesmo tendo essa forma de reprodução. O pulgão de planta, ou afídio, reproduz-se por patogênese frequentemente e apenas em algumas gerações se reproduz sexualmente. Talvez um dia a humanidade venha a ter esse padrão reprodutivo, embora sempre sobre a dúvida se, como no caso das abelhas, não fosse o processo escolhido apenas para assegurar a submissão das formas operárias , mantendo a forma dominante, no caso a Rainha, por meio da reprodução sexuada, o segredo da produção das características que lhe conferem o poder e o domínio.
            No dia 21 de Março de 2001, o Ministro da Agricultura e do Abastecimento anunciou, em Brasília, o nascimento do primeiro animal clonado brasileiro, a bezerra Vitória, da raça Simental, nascida na Fazenda Sucupira, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura. As pesquisas em reprodução animal na Embrapa começaram em 1984 e são o resultado da tecnologia de transferência nuclear - a bezerra Vitória é resultado de núcleos transferidos de um embrião de cinco dias coletado de uma vaca Simenal pela técnica de transferência de embriões clássica.
            O objetivo primeiro do desenvolvimento da tecnologia da clonagem não parece ser o de clonar apenas.
            O desenvolvimento da tecnologia da clonagem oferece algumas perspectivas bastantes interessantes: uma pessoa poderia utilizar um clone seu para reposição de "peças defeituosas?" É claro que esse procedimento envolveria uma série de aspectos éticos, visto que o clone seria um ser humano com a sua individualidade, sua vontade e seus direitos assegurados e não poderia ser coagido a doar um órgão, para ele vital, nem mesmo ser "criado" apenas para isto; por outro lado, seria necessário esperar alguns anos até que os órgãos do clone estivessem suficientemente maduros para se efetuar o transplante, o que, sem dúvida, envolve dificulades técnicas. Além disso, ainda não teríamos certeza de que  os problemas de rejeição seriam inteiramente eliminados. Por outro lado, na área de transplantes está ocorrendo um rápido progresso com o esclarecimento dos mecanismos de rejeição de tecidos e na busca de soluções. Assim, antes que as técnicas de clonagem tornem disponível o coração de um clone para transplante, é mais provável que pessoas necessitadas recebam, sem problemas de rejeição, o coração de um porco. Então os caminhos apontam, hoje, para a clonagem de órgãos isolados.
             A técnica consiste em fabricar embriões geneticamente idênticos à pessoa em tratamento e retirar do embrião as células-tronco, como são chamadas, após sem cultivadas. Estas células poderão ser induzidas a formar células cardíacas, pancreáticas, cerebrais, etc. O nascimento de Dolly mostrou que é possível reprogramar a célula de um adulto (ou, no mínimo, seu genoma) deforma que ele comece a se desenvolver novamente. Isso significa que um dia poderá ser possível reprogramar células da pele ou do sangue para que elas cresçam em tecidos e órgãos " sobressalentes" em vez de organismos inteiros. Ou, pelo caminho inverso, a partir das células-tronco, desenvolver apenas o tecido lesado do órgão doente.
             E quanto a criar " supercérebros" capazes de solucionar os problemas mais graves da humanidade e que até agora não encontraram uma solução "humana"? Possivelmente será possível sim, embora não saiba ainda o suficiente sobre genética humana para "melhorar" as pessoas. O aprimoramento genético de seres vivos é algo que se faz há muito tempo, bem antes da descoberta das técnicas de clonagem: um cavalo puro sangue, por exemplo, é essencialmente resultante de um processo de melhoramento genético. Até agora, devido a essas e outras preocupações éticas, os geneticistas estão concentrados em encontrar as causas das doenças genéticas e sua cura.
             Além disto, todas as tentativas de eugenia até agora redundaram em retumbantes fracassos, sem falar, evidentemente, no aspectos verdadeiramente criminoso envolvido em programas de esterilização em massa, abortos impostos e outros. Deixar aos pais a decisão de qual o embrião a ser implantado ou a ser sacrificado nos parece ser absolutamente desprovido de significado.
             Se os pais que desejam ter filhos geneticamente mais saudáveis começarem a fazer um rastreamento de eventuais defeitos genéticos para selecionar sua prole,escolhendo as características que consideram melhores, estaremos impondo a eles uma carga de responsabilidade que nem eles, nem os cientistas, nem a própria sociedade devem ter, diz o Nida-Ruemelin, professor de filosofia na Universidade de Gottingen, que só admite a pesquisa como clones desde que seja desenvolvida estreitamente com fins terapêuticos.
              "Qualquer tentativa de clonagem reprodutiva representa uma ameaça aos principais valores e interesses humanos", declara.
              Contudo, o médico italiano Severino Antinori defende a clonagem humana como solução para casais incapazes de ter filhos e que não querem recorrer a um doador. Ele e o especialista americano em fertilidade, Panos Zavos, estão no Centro do acalorado debate sobre clonagem humana. Eles defendem a técnica como uma forma moralmente aceitável de ajudar casais com problemas de infertilidade a ter filhos. Os médicos afirmam que já têm mais de 1500 casais interessados em se submetar ao tratamento. Além disso, a imprensa noticiou, no mês de Abril de 2202, que o primeiro clone humano já estaria sendo gerado. Segundo entrevista concedida por Antonori, há três mulheres receptoras de embriões clonados - até agora não identificadas. O plano provocou discussões morais sobre o procedimento e especialistas duvidam que os dois vão conseguir realizar a clonagem. Suspeita-se que outros cientistas estariam tentando clonar humanos, mas Zavos e Antinori são os "advogados públicos" da casa.
              No Brasil, a clonagem humana para fins reprodutivos, gerando embriões, é proibida e encarada como crime sujeito a multas e penas. Já a clonagem terapêutica, não reprodutiva, é aceita como procedimento de suporte a terapias médicas, desde que sejam respeitados princípios éticos e que haja supervisão dos experimentos pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

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